Gestao da qualidade
Capítul o
Aos 14 anos, mesmo sem necessidade financeira, resolvi largar a infância e, de uma hora para outra, contei aos meus pais que estava decidida a estudar à noite e trabalhar fora. Na época, minha irmã Lú, um ano mais velha, pensava apenas em continuar os estudos. Talvez meus pais no início tenham interpretado minha atitude como um lapso de adolescente. Provei que estava determinada. Quando minha tia Lili me apresentou
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a uma empresa na qual havia uma vaga para mensageiro, ou seja, office girl – imaginem, eu jamais havia sequer tomado um ônibus sozinha –, decidi encarar o desafio e pedi para que minha irmã me acompanhasse em minha primeira entrevista. Apesar de saber que o entrevistador era amigo de minha tia e que, para a contratação, a entrevista seria mera formalidade, naquele instante conheci o medo de não possuir as características necessárias e, pela primeira vez, enfrentei a insegurança de estar diante daquele que poderia mudar o meu futuro profissional. Naquele momento, ele era o “mediador”, a pessoa com o poder de me contratar ou me fazer escutar a tão temível palavra que me faria sentir insegura pelo resto da vida. Ao entrar pela primeira vez em uma sala de entrevista, senti-me pequena e, quando me entregaram uma ficha para ser preenchida, gelei. Minha irmã, porém, mantinha-se calma. Ela estava ali apenas me acompanhando e, “por embalo”, resolveu preencher uma ficha também. Enquanto completávamos os nossos dados, o “mediador” ficava ali, nos observando todo o tempo. Ao terminar, fomos chamadas separadamente para a intimidante entrevista. Acho que por ser a mais velha, chamaram primeiramente minha irmã. Eu estava nervosa, mas ela continuava calma, com o semblante tranqüilo. Tentei me controlar, contudo os minutos que ela passou lá dentro foram uma eternidade. Quando chegou a minha vez, ao me levantar, senti o nervosismo por todo o meu corpo. Tremia enquanto caminhava em direção à sala “assombrada”. Ao entrar, o “mediador”