Gastronomia
No decorrer do século XVII os costumes franceses começaram a se espalhar por outros países da Europa, principalmente na Rússia, Suécia, Suíça, entre outros. Portugal procurou imitar a grandiosidade exercida pelo Palácio de Versalhes. A França influenciou a etiqueta e a indumentária portuguesa, o que também refletiria na ornamentação e nos pratos servidos à mesa (LEAL,1998). Na Lisboa portuguesa dos séculos XVIII e XIX o elegante era falar francês e comer na mesma língua (ALONSO, 1993). No século XIX, sofrendo pressões do governo britânico e de Napoleão Bonaparte, o Principe Regente português, D.João, foge de Portugal e elege o Brasil como novo Reino da coroa portuguesa. Os costumes da Metrópole seriam levados para a antiga colônia, elevada a categoria de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve.
A presença francesa mais marcante chegou ao Brasil graças à Missão Artística Francesa, trazida por D. João VI para o Rio de Janeiro, em 1816. A Missão era encabeçada pelo arquiteto Grandjean de Montigny, introdutor do estilo neoclássico nas principais cidades brasileiras, e trazia grandes nomes da arte como Jean-Baptiste Debret entre outros (BANDEIRA, 2003). Na elite do Rio de Janeiro passou a ser imprescindível falar em francês. A composição da mesa em festas e grandes ocasiões e seus cardápios eram todos também redigidos em francês, ainda que se referissem a produtos nacionais, hábito que se manteve até o início do século XX. A ida de jovens brasileiros para estudar na França, ou de famílias inteiras que viajavam em férias, reforçava o repertório de pratos franceses conhecidos e trazidos para o Brasil. De acordo com Câmara Cascudo (1983), desde o período da regência as viagens de famílias brasileiras à França divulgavam no Rio de Janeiro a cultura francesa e derramavam pelo Brasil as exigências e