Formação econômica do brasil
Ricardo Carneiro
O diagnóstico liberal sobre a crise das economias periféricas nos anos 80 destaca o excesso de intervenção estatal como responsável pelas distorções alocativas e ineficiências do sistema econômico. Industrialização protegida e indústria não-competitiva; repressão financeira, insuficiência de poupança doméstica e redução do potencial de crescimento; fixação arbitrária de salários e menor absorção de força trabalho: estes seriam os resultados do intervencionismo estatal na economia. A visão liberal se opõe ao keynesianismo, entendendo-o não somente como uma concepção de funcionamento do capitalismo, mas como um conjunto de políticas voltadas a minimizar a instabilidade inerente ao sistema. Desta maneira, o neoliberalismo questiona tanto uma concepção acerca da natureza do sistema capitalista, quanto um conjunto de políticas concebidas para ampliar sua estabilidade e reduzir as desigualdades a ele inerentes. Segundo o liberalismo, o intervencionismo teria sua gênese na Grande Depressão dos anos 30, que teria levado à falsa impressão de que o mercado apresentava falhas sistêmicas e recorrentes. Dentre as várias formas de intervencionismo – protecionismo, subsídios – destaca-se o direcionamento dos fluxos de crédito ou a repressão do sistema financeiro. Este tipo de intervenção, ao interferir na fixação da taxa de juros, seria o responsável pela distorção de um preço essencial do sistema e pelo obscurecimento de um de seus parâmetros fundamentais: o custo do capital.2 Contemporaneamente, problemas como perda de competitividade, excesso de endividamento externo e interno do setor público, piora na distribuição da renda aparecem, para os liberais, como meras decorrências das políticas econômicas postas em prática, especialmente no pósSegunda Guerra, que, ao distorcerem os mecanismos de mercado, conduziram a uma perda global de eficiência e bem-estar. Nesse sentido, o