Formação do Sistema Internacional Moderno

A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE ESTADO NA EUROPA
As modificações sofridas entre a Paz de Augsburgo e a Paz de Utrecht e suas consequências

A PROBLEMÁTICA DO SISTEMA EM UM CONTEXTO GERAL A análise histórica do equilíbrio e manutenção de poder leva a perceber um cenário internacional complexo e interligado nos mais diversos aspectos. Hedley Bull, em sua obra, A sociedade anárquica, apresenta três visões de análise do jogo internacional.
A análise de Thomas Hobbes, vista como realista, afirma o Estado como centro do sistema, lançando mão de todas as artimanhas para assegurar seu benefício próprio, sem levar em conta a interação com outros autores. Ou seja, o Estado é tido como um ser egocêntrico que não possui um senso de moralidade em suas ações, desde que tragam benefícios próprios, sem precisar respeitar tratados com outros Estados se os mesmos deixam de beneficiá-lo. Ao expor os argumentos hobbesianos, Bull afirma que "A paz corresponde a um período de recuperação da última guerra e de preparação para a próxima" (BULL, Hedley – A sociedade anárquica, capítulo 2 – página 33).
O universalismo do prussiano Immanuel Kant é apresentado como o extremo oposto da visão inglesa de Hobbes, baseando-se na razão humana como fator principal nas relações interpessoais. Como um aglomerado de pessoas, os Estados teriam suas relações baseadas também no contexto da moral, buscando um equilíbrio entre suas vontades e as vontades dos outros atores do sistema. O universalismo presume que o homem tem uma natureza cosmopolita, sendo cidadão do mundo como um todo, deixando de defender, assim, os interesses de um Estado específico para defender o sistema internacional como um todo. Logo, partindo da moral do indivíduo cosmopolita, nenhuma engrenagem desse sistema levaria vantagens e haveria um equilíbrio perfeito.
A visão mais mediana apresentada por Bull em sua obra é a de Hugo Grotius, conhecida como internacionalismo. Grotius se aproxima da visão realista