ESTUDO COMPLEMENTAR VESTFALIA
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Não fale da Paz da Paz de Vestfália!
Don’t tell about the Peace of Westphalia!
Felipe Kern Moreira*
Meridiano 47 vol. 13, n. 129, jan.-fev. 2012 [p. 3 a 9]
I – Introdução
O título provocador desta contribuição não é original. O sociólogo Luciano Oliveira publicou em 2003 o artigo intitulado ‘Não fale do Código de Hamurábi’, a partir de sua experiência pessoal junto ao Programa de
Pós-Graduação da UFPE. O presente artigo refere-se à pesquisa no campo das Relações Internacionais (RI), em particular à repetição acrítica de sistematizações teóricas de escopo pedagógico.
Parte-se do reconhecimento da multiplicidade de áreas, métodos, perspectivas possíveis em Relações Internacionais. Multiplicidade essa que pode ser observada em pelo menos dois planos: na formação universitária dos pesquisadores e dentro do próprio debate acerca de metodologia de pesquisa.
Quanto à formação, os programas de pós-graduação em Relações Internacionais – RI compreendem também pesquisadores não graduados em RI. Quando o jovem pesquisador ruma dos estudos da graduação para os da pós-, não é raro que fique face ao conjunto de diversificadas técnicas e fontes de pesquisa com as quais não é ambientado. Tratados historiográficos, variáveis dependente e independente, métodos quantitativos, hipótese ou objetivo, explicar ou compreender, são alguns exemplos.
Os pesquisadores da Universidade de Chicago, Nuno P. Monteiro e Keven G. Ruby, registram que os argumentos da ciência política continuam a moldar as RI no sentido de manter a ilusão da segurança fundacional. Isto em comparação com outros campos concorrentes. Nos EUA, o debate filosófico sobre o fundamento científico das
Relações Internacionais é fruto da busca por bases seguras junto aos modelos prevalentes. O sentido dessa busca é que se existisse um fundamento metodológico inquestionável, este poderia exigir o status de um discurso