Estrangeiros no brasil.
A literatura que se aproxima a visão da política imigrantista do governo brasileiro, desde o Império, não deixa dúvidas quanto a ser componente de um projeto de gestão da população, o que envolvia o agravamento, branqueamento e elevação civilizatória dos habitantes do país. Tal política perseguia dois objetivos não excludentes: o povoamento das regiões de fraca densidade populacional e a constituição de um mercado de trabalho para substituir a mão-de-obra escrava na produção mercantil-exportadora.
Uma das questões aplicadas na citada literatura é justamente a que vincula o projeto de colonização à preocupação de fornecimento de trabalhadores livres para a lavoura cafeeira. No cálculo das autoridades brasileiras, a criação dos núcleos coloniais de pequenos proprietários era uma forma eficaz de atrair a imigração em larga escala que facilitaria a transição para o trabalho livre. Não podem ser desconsiderados nos propósitos da imigração os fatores de ordem geopolítica - a necessidade de proteção das fronteiras e de garantia da integridade do território nacional diante das ameaças da expansão imperialista europeia, em curso no final do século XIX.
Mas a questão que nos interessa destacar é que ambos os propósitos - povoamento e formação do mercado de trabalho - estavam cimentados por uma outra questão: a necessidade de regeneração física do povo e a reforma moral da sociedade. De tal maneira, um cálculo racial orientava como deveria se processar a constituição do tipo humano brasileiro, o que tinha como desdobramentos a definição do imigrante ideal (branco, camponês, resignado) e a do imigrante indesejável.
O momento de constituição do Estado Republicano repõe a necessidade de elaboração das representações acerca da Nação, da identidade nacional - ambas sustentadas na questão da formação do povo. O cálculo racial das elites agrárias e republicanas incorporava uma classificação elaborada a partir de ingredientes