Entre sementes e óleos
Renata Priscila da Silva
Carmen Roselaine de Oliveira Farias
Através do uso de ferramentas etnográficas e de um olhar interpretativo acerca do fenômeno ambiental, discutimos como se dá o processo de ambientalização curricular em uma escola pública municipal da região Agreste de Pernambuco. O uso dessa abordagem tem nos sido útil, pois ao analisar práticas e estratégias locais de incorporação e institucionalização do ambiental no campo educacional é possível compreender as transformações na sociedade decorrentes da questão ambiental. Ao processo de inserção das temáticas ambientais nas distintas esferas sociais dá-se o nome de ambientalização, percebida, tanto pela emergência de novas práticas como pela ressignificação de práticas antigas que passam a incorporar o adjetivo ambiental. Focamos o currículo, que é compreendido como expressão da cultura escolar aqui entendida como um conjunto de práticas, normas, ideias, procedimentos que se expressam em modos de fazer e pensar o cotidiano escolar pelos atores escolares. A escola pesquisada trata-se de uma instituição de ensino pública, localizada em um Distrito carente, estigmatizado e que sofre com problemas de violência. Na tentativa de amenizar esses problemas, foi desenvolvida uma série de atividades na escola, organizadas pelo então vice-diretor, entre elas destacamos a formação da sementeira e o projeto do sabão ecológico, projetos que trouxeram visibilidade para a escola junto à comunidade. Através de observação participante, relatos e depoimentos, procuramos analisar a inserção dessas atividades no cotidiano escolar e o papel do vice-diretor no desenvolvimento dessas práticas e nos sentidos ambientais que essas tinham na escola.