Educação Hospitalar
Luciane R. S. Souza
“No fundo, o educador que respeita a leitura de mundo do educando, reconhece a historicidade do saber, o caráter histórico da curiosidade, desta forma, recusando a arrogância cientificista, assume a humildade crítica, própria da posição verdadeiramente científica.” Paulo Freire (1996,p.123)
A elaboração de um planejamento numa perspectiva histórico-crítica em ambiente hospitalar requer a indagação sobre uma questão: O que é mais importante a pedagogia
(métodos, processos), os conteúdos ou os saberes sistematizados?
No
processo
educativo, existe uma relação recíproca entre ambas, pois, sem a pedagogia como ensinar os conteúdos historicamente acumulados e socialmente difundidos? E sem os conteúdos e sua sistematização (saberes escolares), o que se deve ensinar aos alunos para avançar do senso comum a consciência-crítica? Do ponto de vista da pedagogia histórico-crítica, esta relação não pode ser linear, pois, estas se inter-relacionam e se complementam, uma vez que para se definir um método de trabalho é preciso ter o objeto de estudo ao qual se propõem a trabalhar. Assim, a pedagogia é responsável pela assimilação dos saberes escolares e os conteúdos são a essência (razão) para que o processo pedagógico possa ocorrer.
Questiona-se muito nas escolas do hospital sobre o que se deve ensinar, ou como ensinar um aluno paciente que se encontra desmotivado emocionalmente em função do tratamento de saúde e, ainda, em como transformar o saber espontâneo, fragmentado que o aluno apresenta em sua bagagem escolar, em saber sistematizado.
Questões que perpassam primeiro por uma clareza de concepção de educação, depois por uma pedagogia adequada, e a partir desta, realizar as adaptações curriculares necessárias ao desenvolvimento de um planejamento, que tenha como princípio o processo reflexivo de praticar, teorizar e voltar a praticar