Pedagogia hospitalar a humanização integrando educação e saude
Rastreando Possibilidades
Cristiane Nova
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TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
Vitória da Conquista, 10 de maio de 1989, terça-feira, oito da noite ... acabo de chegar em casa. Televisão ligada, Jornal Nacional. Todos os dias da semana, de segunda a sexta, costumava chegar em casa a essa hora, após o curso de inglês. Com fome, passava sempre direto pela sala, por meu pai e pela TV, sempre ligada no Jornal Nacional. Ao preparar meu jantar, da cozinha, escutava as notícias, e se alguma me interessava, corria para vê-la. Não era viciada em jornais. Preferia mesmo os videoclips. Com o prato pronto, ia para a sala comer e pegar o finalzinho do jornal e o começo da novela das oito. Mas nesse dia, o quase-ritual foi interrompido ... Já havia visto e lido algumas coisas sobre aquela revolta dos estudantes. Aliás, revolta estudantil era um tema ao qual eu me ligava bastante. Já havia assistido ao filme The Wall uma centena de vezes e palpitava ao imaginar poder botar a escola no chão, quebrar as carteiras, queimar os livros, expulsar os professores e por fim às entediantes aulas matinais. Iconoclastas, anarquistas, ludistas, primaveristas, 1 ou seja, tipos históricos rebeldes, contestadores do status quo, habitavam minha mente como figuras heróicas, meio históricas, meio míticas (mais para esta última). E de repente, quando entro na sala, deparo-me com aquela cena e paro, sento, ligada na telinha. Uma coluna de tanques de homens armados até os dentes diante de um
EDUCAÇÃO
E
jovem, magro, frágil, rebelde — um típico transgressor revolucionário que rondava em minha mente —, “desafiando a tudo e a todos”. O repórter narra o acontecimento, mas não escuto nada de fora, apenas os ecos de minha imaginação. A imagem era fascinante, cruel, desesperadora. Nada do que se falasse poderia dizer tanto e com tamanha profundidade. Ao fim da cena, levantei-me, fui para a cozinha, fiz meu prato e voltei para pegar o finalzinho do jornal, que já falava de