Deleuze
Se nos analisarmos essa cidade imaginada por Guatarri, não está longe da nossa realidade, vivemos numa constante vigilância, em um mundo onde o nosso acesso pode ser negado por não possuirmos logins ou cartões eletrônicos. As fronteiras se tornaram imateriais.
Há uma vigilância contínua, concretizada pela propagação das câmaras espalhadas por toda a parte: no comercio, bancos, escolas e até mesmo nas ruas. Isto traz a dimensão da sociedade auto-vigiada, idealizada por Jeremy Bentham, cujo Panóptico expressa a sua concepção arquitectónica. Uma vigilância intensificada pela disseminação de dispositivos tecnológicos de vigilância presentes até mesmo ao “ar livre”. Todos podem e querem espiar todos. Trata-se da reinvenção do Panóptico benthaniano..
Se a principal premissa da sociedade disciplinar era fazer com que o indivíduo modelasse o seu comportamento. A partir da possibilidade de estar a ser vigiado por alguém (inspector), essa perspectiva transmutou-se. O que presenciamos na sociedade de controle é que houve uma espécie de incorporação da disciplina. A tal ponto, que os indivíduos podem estar sob os efeitos dos dispositivos disciplinares, independente, da presença de algum tipo de autoridade investida de poderes capazes de impor os procedimentos de poder e de saber.
A sociedade de controle redimensiona e amplifica os pilares constituintes da sociedade disciplinar. Um fenómeno recente que tem chamado a atenção de diversos estudiosos é os referidos reality shows. Tais programas expõem os seus participantes a situações limites e dão margem a uma série de análises. Um bom exemplo disso é o Big Brother que surgiu em 1999, na Holanda e foi criado pela produtora Endemol, uma das maiores empresas de entretenimento da Europa. O nome Big Brother