Crônica do atraso
A sociologia chega na América Latina no final do século XIX. Porém, diferentemente do que ocorria na Europa não havia como implantar o positivismo em nossa realidade já que éramos produtores de bens primários, enquanto a Europa já se encontrava em pleno desenvolvimento industrial.
Mas, a sociedade que se formava e já carregava a pecha de atrasada precisava acompanhar esse desenvolvimento e essas ideias. Os estudiosos e cultos da época precisavam colocar em prática esse conhecimento que era medido pelo modo com que aplicavam as ideias europeias em solo brasileiro, apesar delas não representarem a realidade nacional.
Ocorre que, estas ideias positivistas foram vistas com bastante interesse pela classe dominante, constituída por grandes proprietários de terra e comerciantes, justificada pela ordem das coisas considerada mais benéfica, principalmente no tocante a exclusão das classes menos privilegiadas de negros, índios e mestiços. Assim, o positivismo foi usado para firmar o racismo, justificado por sua vez pela ciência, evolução e patologia social.
Pensadores nacionais não se preocuparam em esconder tal racismo, mesmo que ele encobrisse as pesquisas de campo feitas principalmente com os negros. Foi o ocorrido com Silvio Romero, que pregava o branqueamento da população; Nina Rodrigues, que entendeu a cultura dos negros, porém tratou de menosprezá-los propondo inclusive uma legislação diferenciada para as minorias; Arthur Ramos apesar de pesquisador ficou preso as teorias evolucionistas, afirmando que não era a raça negra que era atrasada, mas sua cultura, ideias seguidas por Alfredo Ellias; Oliveira Viana foi mais longe, pois não apresentava nenhuma prova de suas alegações, desprezando inclusive documentos que contrariavam suas teses. Segue-se a eles Euclides da Cunha que vê o nordestino como um povo forte e destemido, porém não enxerga neles um mestiço. Affonso Arinos acha que “o Brasil nunca