critica á razão

3994 palavras 16 páginas
O texto que se segue é, no essencial, o que foi dito na conferência inaugural da VIII Jornada de Estudos Franceses, na Universidade Estadual de Maringá. Foram apresentadas ao vivo a maioria das ilustrações musicais mencionadas no texto, como a canção Allons danser, da ópera Le devin du village, de Rousseau. Uma cópia desta partitura, obtida junto ao acervo da Escola de Comunicação e Artes da USP, possibilitou o ponto alto da conferência - o canto coletivo - quando todos os presentes puderam entoar Allons danser, seguindo a partitura, em uníssono com o violino, a flauta e o som (sintetizado) de cravo.
Se Rousseau é um ilustre expoente do Iluminismo, do século das Luzes, o século da razão, como pode ele, então, colocar-se contra a razão? Rousseau coloca-se contra a razão, mas não de forma absoluta. Ele acredita que os caminhos da sociedade, conduzidos e corrompidos pela razão, possam ser corrigidos, conquanto a razão escute o coração, o sentimento, colocando em prática as virtudes do homem em estado de natureza. Hoje, parcela considerável da população letrada conhece Rousseau pelo já popularizado aforismo de que "o homem é bom por natureza, a sociedade é quem o corrompe". Colocando a razão em segundo plano, seu modelo ideal é o homem dos primeiros tempos, o homem em estado de natureza. Quando se pergunta: o que veio primeiro, a razão ou o sentimento?, ele responde: o sentimento. Na contribuição original de Rousseau, em todos os campos em que se expressou, desde a antropologia filosófica até o romance, a música, a educação e a política, o sentimento tem primazia sobre a razão.
Rousseau volta-se contra a razão, no exato momento em que a França atinge o apogeu do Iluminismo, o culto à supremacia da razão. Ele critica a ciência e o progresso que, na crença dos filósofos, como Voltaire, conduziriam a humanidade a uma forma de sociedade harmoniosa.
Rousseau volta-se contra a razão, no que ela tem de fundamento da maldade, de todos os vícios e formas de opressão e

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