Comportamento infantil
HARA ESTROFF MARANO
Talvez seja o ciclista no parque, todo ajeitado com seu capacete metálico azul, percorrendo uma trilha de terra -a 3 km por hora. De triciclo.
Ou talvez seja o playground típico de hoje, que, em lugar do chão de terra em que as crianças do passado arranhavam os joelhos, é protegido por piso emborrachado. Espere aí -não são criancinhas que estão brincando ali. São suas mães -e, mais ainda, seus pais- que estão ali dentro, brincando juntos com as crianças ou "ensinando-as" a brincar. Poucos pais se contentam em ficar sentados nos bancos do parque, como faziam os pais de tempos passados, deixando as crianças se virarem por conta própria.
Outra novidade são os géis de higienização que, hoje em dia, mais de um terço dos pais, segundo uma pesquisa recente, manda para a escola na mala das crianças. Ao que parece, os pais de hoje receiam que os banheiros das escolas não sejam bons o suficiente para seus filhos.
Considere-se a situação de um professor recém-chegado a uma escola em um subúrbio de classe média alta. Ao passar os olhos pela pasta de relatórios com detalhes sobre as "concessões" que deveria fazer a muitos de seus alunos de história, chamou sua atenção a ficha abrangente, bem escrita -e evidentemente cara-, compilada para uma garota que já se configurava como uma das melhores alunas de sua classe da nona série. "Ela é um pouco neurótica", ele revela, "mas é inteligente, organizada e conscienciosa -o tipo de aluna que sempre entrega os trabalhos escolares dentro do prazo, mesmo que esteja morrendo de dor de estômago".
Ele finalmente identificou a desordem para a qual teria que manifestar tolerância: dificuldade com pensamento gestalt. A aluna de 13 anos "não era capaz de enxergar o contexto maior". Essa deficiência astutamente formulada (afinal, que criança de 13 anos é capaz de enxergar o contexto maior?) poderia garantir que a garota fosse autorizada a fazer todas as provas e os exames sem limites de tempo,