ciencias tecnologicas
O FUTURO EM MINIATURA
ENTREVISTA COM O PROFESSOR DOUTOR ALDO JOSÉ GORGATTI ZARBIN
APRESENTAÇÃO
A
ntes de chegar para a entrevista, deslizei por entre laboratórios de química em pleno funcionamento, escadarias que conduziam a compridos corredores, ora estreitos ora largos, e diversas salas de aula. Sentia-me como se perambulasse por uma película de ficção científica na expectativa de defrontar um cientista encavernado em elucubrações, rodeado de instrumentos ultra complexos, fórmulas escabrosas, escritas numa lousa e um cérebro faiscando interpretações inalcansáveis para o mastigar de um leigo. Quando bati à porta, o professor já estava à minha espera. Identifiquei-me: “-Gabinete do Professor Aldo Zarbin, eu presumo? Vim para a entrevista.” “-Sim, entre por favor. Já estava aguardando!” Com certo desajeito, tomei assento, liguei o computador e a prosa teve ocasião. Tratei-o por senhor.
Ele refutou. Exigiu Você. Pedi que principiasse pela narrativa da carreira profissional como forma de conhecer a pessoa que estava diante de mim. Não franziu as sobrancelhas. Pelo contrário, a conversa fluiu e, em pouco tempo, a imagem do cientista enclausurado numa redoma de vidro se esmigalhou. Era fruto de minha imaginação. Quem sabe a influência do estereótipo deixado pelo escritor H G Wells. Muito mais do que um profissional altamente preparado, burilado pelos estudos esmerados, originários faz tantos anos, pronunciava-se pessoa de hábitos simples, diálogo franco, olhar reto e sorriso espontâneo. Ali não pairava somente um cientista, circunspecto, quase inacessível, mas alguém com profunda formação humana, paixão pelo seu mister e preocupação ética com o destino da humanidade. Não foi apenas do átomo e suas possibilidades que tomei saber. Antes porém, deparei-me com a literatura de Saramago, o cinema de Fellini, a poesia de Drummond, a música de Chico Buarque, a simplicidade de Matão do interior de São Paulo, o futebol do