Ciencia do direito
Capitulo I
Novas crenças; a filosofia muda as regras da política
Cada cidade tinha não só a sua independência política, mas também o seu culto e o seu código. A religião, o direito, o governo, tudo era municipal. A cidade era a única força viva; nada acima, nada abaixo dela; nem a unidade nacional nem liberdade individual.
Então, das divindades dos tempos antigos, desses mortos que viviam nos túmulos, desses deuses Lares que haviam sido homens, desses antepassados sagrados que ainda tinham a ser alimentados? Tal fé tornou-se impossível. É bem verdade que esses preconceitos, por mais grosseiros que fossem não foram arrancados com facilidade da mente do vulgo: ainda reinaram durante muito tempo; mas já no quinto século antes da nossa era os homens que refletiam tinham se libertado desses erros, enquanto não se elevava ate a concepção de um ser que estivesse fora e acima da natureza. Então os deuses Lares e os Heróis perderam a adoração de todos os que pensavam.
Compreendeu-se que os deuses não pertenciam mais cada um a uma família ou a uma cidade, mas pertenciam a todos ao gênero humano e levavam pelo universo. Os poetas iam de cidade em cidade e ensinavam aos homens, em lugar dos velhos hinos da cidade, cantos novos em que não se falava nem dos deuses Lares nem das divindades protetoras das cidades, e nos quais se contavam as lendas dos grandes deuses da terra e do céu. Ao mesmo tempo, alguns grandes santuários, como os de Delfos e de Delos, atraiam os homens e os faziam esquecer os cultos locais.
Uma vez assim despertada a reflexão, o homem não mais quis crer sem se dar conta das suas crenças, nem se deixar governar sem discutir as instituições.
Capitulo II
A conquista romana
A sabedoria de Roma consistiu, como toda sabedoria, em valer-se das circunstâncias com que se deparava.
Podemos distinguir na obra da conquista romana dois períodos. Um concorda com o tempo em que o velho espírito municipal ainda tinha muita força; é então