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Capítulo VI
O conhecimento
Foi essa superação, por Marx, do idealismo e do materialismo mecanicista que possibilitou a elucidação de como se dá o processo de conhecimento.
O ponto de partida, para Marx, está no fato que, entre as ideias e o mundo objetivo, externo à consciência, se desdobra uma intensa mediação que tem no trabalho a sua categoria fundamental. Tipicamente, é pelo trabalho que os projetos ideais são convertidos em produto objetivos, isto é, que passam a existir fora da consciência. E, do mesmo modo tipicamente, é reconhecendo as novas necessidades e possibilidades objetivas abertas pelo desenvolvimento material que orientam os atos de trabalho. Realidade objetiva e realidade subjetiva são, assim, dois momentos distintos, mas sempre necessariamente articulados, do mundo dos homens.
Em relação entre consciência e objetividade é muito complexa, tão complexa como o mundo dos homens. O que nos interessa, agora, é que nessa relação intervém uma determinação fundamental: como o futuro é o desdobramento causal do presente, com todas as mediações e acasos possíveis, ele não é jamais uma decorrência direta e imediata da situação atual. Por isso – ou seja, como o futuro não aconteceu – a consciência pode antecipar apenas parcialmente as consequências futuras de nossas ações. Há, por isso, tipicamente, sempre uma distância entre ‘‘intenção e gesto’’. As consequências dos atos humanos tendem a divergir, em algum grau, da finalidade que está nas suas bases, gerando novas necessidades e possibilidades e, desse modo, obrigando-nos a uma nova ação para atuar sobre as consequência dos nossos atos. Essa situação e caracterizado, por Lukács, como aquele ‘‘período de consequência’’ no qual o ato retroage sobre a consciência por meio dos efeitos que provoca.
Por ex: um cientista está pesquisando uma nova droga contra a AIDS e descobre um remédio que melhora um pouco a evolução da doença. Contudo, ao administrar o remédio aos doentes por um período de tempo mais