Autonomia e interação - fichamento
Alguns dos problemas da relação entre a universidade e seu entorno ocorreram pelo perfil corporativo que se transformou a universidade, porém é importante ressaltar que a organização corporativa é uma condição da autonomia universitária.
Há uma grande relação entre o aparecimento do trabalho intelectual e o contexto institucional que fornece as condições para que ele ocorra. A corporação universitária demarca o lugar e a função de uma nova personagem social e essa nova delimitação foi logo percebida pelos outros poderes, fazendo com que a universidade tivesse que se preocupar em preservar sua autonomia frente a política e a Igreja.
Dois aspectos se relacionam: a independência do trabalho intelectual, o desenvolvimento e a disseminação de seus resultados só é possível se é feito um esforço constante de reafirmação do caráter específico desta atividade através de uma relação tensa com o poder estabelecido. A universidade beneficiaria a burocracia estatal, pois com a instrução que ela oferece mais pessoas estariam aptas a gerir os negócios do Estado, porém este foi também um motivo dos mandatários desejarem o controle da instituição para que ela servisse melhor a essa função, ou seja, formando profissionais que o Estado precisa e não a universidade. Segundo Franklin Leopoldo e Silva: “Não se recusa o prestígio do saber, mas os poderes estabelecidos desejam que este saber se subordine de alguma maneira a condições externas ao seu modo específico de construção e de disseminação.” (p. 64)
Na origem da universidade, quando não havia dependência material entre ela e o Estado ou a Igreja, as tensões entre eles tinham como objetivo criar a relação de dependência que permitiria o controle. Ao lado das corporações surgidas espontaneamente, aparecem aquelas fundadas pela Igreja e pelo Estado sucessivamente. Criou-se então uma ambiguidade do propósito que preside a fundação.