Auroux
“Poucas línguas dispunham de gramáticas e de dicionário, até que, a partir do Renascimento, os ocidentais começaram, na base de sua tradição gramatical greco-latina, a escrever gramáticas e dicionários para seus próprios vernáculos (endo-gramatização), assim como para as línguas que suas viagens os faziam descobrir através do mundo (exo-gramatização). É a isso que denominamos revolução tecnológica da gramatização” (p.120).
Em 1992, a conclusão de Auroux “[...] sustentava que a gramática geral (Port-Royal, 1660, abreviadamente GGR-PR) e a gramática comparada eram duas formas teóricas de responder ao trabalho colocado pela gramatização: como conduzir o múltiplo (a diversidade das línguas) à unidade” (p.120).
“Em seu prefácio a uma reedição da GGR-PR (Paris: Republications Paulet, 1969), M. Foucault notava: ‘Em nenhum momento Arnauld e Lancelot procuravam dominar um conjunto de línguas que eles poderiam conhecer; o domínio aos quais eles se endereçavam é relativamente restrito’” (p. 120).
“Para quem lê o texto com atenção, a particularidade da GGR-PR está, ao contrário, em fazer referência às línguas que Lancelot domina, porque ele é um dos primeiros grandes profissionais a trabalhar nas gramáticas de diferentes línguas (latim, grego, espanhol, italiano). [...] Lancelot nota a ligação de seu projeto com a diversidade das línguas sobre as quais trabalhou: ‘O compromisso que assumi [...] de trabalhar com as Gramáticas de várias línguas me levou frequentemente a procurar as razões do que é comum a todas elas, ou particular a algumas’” (p.121).
“Nossas hipóteses históricas sobre o papel da gramatização foram largamente confirmadas pela descoberta, por Francine Mazière, de uma Gramática geral e razoada bem anterior à GGR-PR e