Conservadorismo e renascimento cultural
17 de junho de 2012
O padrão cultural do brasileiro despenca num escorregador recoberto pela mais sebosa vulgaridade
PERCIVAL PUGGINA* puggina@puggina.org Eu sei, o conceito de cultura é mais abrangente que bolsa de mulher. Dentro dele há de tudo e quase tudo que não há também cabe. Então tratemos de nos entender: 1º) por falta de outra palavra, "cultura" designa, aqui, o bem colhido por quem busca prazer e elevação do espírito no conhecimento e na arte; e 2º) quando me refiro às vertentes do conhecimento estou falando, principalmente, de filosofia, política, direito, história e religião.
As vertentes da arte são muitas e proporcionam lazer e prazer. Embora os indivíduos recolham da cultura expressivos benefícios pessoais, mesmo quando individualmente construída ela é socialmente proveitosa. Tanto os que a produzem quanto os que a buscam são essenciais ao progresso das civilizações. Agora, leitor, dê uma olhada em seu entorno. Será impossível não perceber o quanto isso que escrevi vai na contramão do que se vê disponibilizado como se fosse bem cultural ao consumo da população. Felizmente, suponho que por uma questão de pudor, para que não se confunda uma coisa com a outra, música virou som. E, com exceções, sumiram os dois. Ficou o barulho. Pode a música, a boa música, sumir? Pode. A boa música pode. E os livros? Sumirão também? Intuo que vem aí uma geração para a qual livros _ em papel ou virtuais _ serão objetos de um tempo remoto, coisas da casa do vovô e da vovó. Ainda são vendidos, é verdade, mas não se pode dizer que por muito tempo, nem que parte significativa das vendas atuais expresse muito gosto pela literatura (exceto se ampliarmos o conceito para abrigar obras de autoajuda, vampirismo, histórias sobre animais domésticos e assemelhadas). Filosofia? Dá uma canseira danada. História? Consulte o governo. Ou ele escolhe os livros, ou nomeia uma comissão para contar, tim-tim por tim-tim, toda a