Aula 2

Filosofia e educação
Aula 2 – Idealismo, verdade e educação (parte 1)
Andreia Marin
Texto escrito para fins didáticos
A busca da verdade
Ao final do nosso último encontro, destacamos dois elementos presentes desde a origem da filosofia ocidental que serão foco de nossas discussões: a noção de verdade e a ideia de um princípio ordenador do mundo. Penso que é necessário retomarmos alguns pontos para avançarmos na análise desses termos, iniciando pela questão da verdade.
Destacamos a relação existente entre o advento na polis e a origem da filosofia. Vimos como a ênfase ao exercício racional vivido a partir do VIIIaC foi retratado na literatura onde tinha espaço as construções míticas, das quais enfatizamos o mito da origem do homem pelas mãos de Prometeu (Homero) e as idades do homem chegando à idade do ferro, quando estão abandonados pelos deuses à própria sorte, sujeito ao trabalho e às dores da morte. Façamos uma consideração sobre o mito antes de prosseguirmos.
Na obra O mito do Estado, Ernest Cassirer considera que em toda a atividade humana busca-se uma unidade do diverso: na arte, unidade da intuição; nas ciências, unidade do pensamento lógico; no mito, unidade do sentimento. Na construção mítica, o homem expressa intensos impulsos sociais e desejos individuais, manifestados na tentativa de encontrar significados para as coisas. Portanto, embora não sejam compostos de puros dados concretos ou abstraídos logicamente, os mitos contém em si genuínos componentes da existência humana. O mito da origem do homem e a idade do ferro expressam o ponto de partida da filosofia: um fazer incontornável próprio do humano que se vê diante de seus limites. Abandonados à tarefa de afrontar os deuses pelo exercício da razão, os homens se dão a tarefa de falar pela verdade, de encontrar a própria essência, de trabalhar para impulsionar a existência social, contornando assim a condição limitada a que foram condenados pelos deuses. Filosofar seria, portanto, fugir das dores da