Apologia da História ou o ofício do Historiador
Silvana Ferreira Mendes
Bloc juntamente com Lucien Febvre fundou a Revista dos Annales cuja ênfase se deu aos estudos da História das Mentalidades, problematizando os acontecimentos e não mais se detendo apenas aos fatos. O último livro deixado por Marc Bloc procura estabelecer novos rumos para a historiografia. Numa análise coerente e concisa critica os historiadores positivistas (metódicos), estes têm como ídolo a mania de julgamento e a eterna ficção pelas origens, para ele a História deve manter um diálogo com outras ciências sociais. Tem como ponto de partida a problematização para se chegar a um saber dito científico, isto é racional. Mas uma interseção há entre o seu pensamento acerca do “fazer histórico” ao dos positivistas, a não negação da História como Ciência. A idéia inicial do livro é a de representar o homem como sujeito da sua história. Esta é baseada no entendimento das relações que se deram através dos fatos ou o contexto histórico que as produziu _ “Os homens se parecem mais com sua época do que com seus pais.” Relega a segundo plano os fatos em si, as datas, os relatos seqüenciados, as narrativas heróicas de sujeitos históricos isolados. Passado e presente são tecidos numa trama, cujos objetos são precisamente os homens no tempo. Pois “a História não é a relojoaria ou a marcenaria. É um esforço para o conhecer melhor: por conseguinte uma coisa em movimento”. “Toda ciência, tomada isoladamente, não significa senão um fragmento do universal movimento rumo ao conhecimento”. “Já o bom historiador se parece com o ogro da lenda. Onde fareja carne humana, sabe que ali está sua caça.” Em sua visão, aquele não deve se ater somente aos documentos, mas também aos testemunhos não escritos _ os vestígios, estes não podem ser encarcerados no compartimento verdades absolutas. A