Apologia Da História ou O Ofício Do Historiador
Carlos Alberto Silveira1
Marc Bloch nasceu na França no ano de 1886 e morreu em 1944 fuzilado pelos nazistas durante a II Guerra Mundial. Em parceria com Lucien Febvre, fundou a Revista dos Annales, dando origem aos estudos acerca da História das Mentalidades, problematizando os seus acontecimentos, não se restringindo apenas aos fatos. Além do livro Apologia da História ou O Ofício do Historiador, escreveu outras obras célebres, como “Os Reis Taumaturgos” e “A Sociedade Feudal”.
Na Introdução, Bloch destaca a importância do ofício historiador e sua contrariedade no tocante à visão ortodoxa e métodos extremamente minuciosos dos historiadores de seu tempo. Defende que a história é uma ciência viva, em movimento, que se relaciona de forma multidisciplinar com outras e que é escrita a cada época. Pondera que não basta apenas questionar o passado, é fundamental saber fazer as perguntas certas e ter volúpia em aprender coisas singulares sem, necessariamente, seguir rigorosamente o que foi aprendido com os mestres e professores. Destaca que para escrever história precisa-se gostar do ofício e que, para isso, é necessário vocação. Lembra que o ser humano procura saber e não compreender, e que deve ser o contrário, pois a história não é apenas útil, ela é legítima como ciência.
No capítulo I (A história, os homens e o tempo), o autor deixa claro que o enfoque dos estudos históricos deve ser direcionado ao homem, em seu tempo, e não o passado por si só. Em sua visão, é necessário entender os fatos, bem como as relações temporais e de causa e efeito destes e sua correlação com os dias atuais. Separar o presente do passado, segundo ele, não é possível, já que existe uma relação dialética entre o que aconteceu, suas consequências e seus resultados sobre os dias atuais. O conhecimento histórico não é linear, as coisas não são simplesmente causas e efeitos. Existe toda uma complexidade advinda dos movimentos coletivos,