ANTROPOLOGIA

Através do olhar de autores, antropólogos e estudiosos do direito, se torna possível discutir os caminhos que a articulação entre essas duas disciplinas vem tomando atualmente e como viabiliza uma compreensão dos problemas jurídicos que apresenta a vida contemporânea. Observa-se que as perspectivas de ambos são diferentes quanto à forma como o direito se transforma pelo mundo. Para advogado comentarista Clifford Geertz, autor da obra O Saber Local, há uma relação entre os profissionais do Direito e da Antropologia marcada por potencial afinidade, porém de difícil consolidação. Para ele, existem semelhanças entre as duas visões de mundo e a forma como focalizam o objeto de seus estudos: ambos se entregam à tarefa artesanal de descobrir princípios gerais em fatos paroquiais. No entanto, como resultado da interação entre as duas profissões, ao invés de haver penetração da sensibilidade jurídica na antropologia, ou da sensibilidade etnográfica no direito, o que ocorre é um conjunto limitado de debates estáticos. Neste sentido, entende que a promoção do diálogo entre as duas áreas tem que passar por necessária consciência maior e precisa do que a outra disciplina significa. O que significa uma abordagem mais desagregante que a atual, buscando-se temas específicos de análise. Deve haver um ir e vir hermenêutico entre os dois campos, olhando primeiro em uma direção, depois na outra, para assim formular as questões morais, políticas e intelectuais que importam aos dois grupos. Na visão da antropóloga Laura Nader, o encontro entre as duas matérias deriva do desenvolvimento interno das próprias disciplinas. Para ela, tal aproximação é nítida ao observar toda uma história de trocas interdisciplinares de mais de um século e que, desde o começo, produz paradigmas legais que funcionam como mecanismos de mudança, em várias direções. O fato de haver essa troca, não mistura os trabalhos do antropólogo e do advogado em uma única prática. São atividades que se encontram