Aliteração
Consiste na repetição do mesmo fonema consonântico, de forma a obter um efeito expressivo. Quando usada sabiamente, a aliteração ajuda a criar uma musicalidade que valoriza o texto literário. Mas não se trata de simples sonoridades destituídas de conteúdo. Geralmente, a aliteração sublinha (ou introduz) determinados valores expressivos, nem sempre facilmente descritíveis. Em horas inda louras, lindas
Clorindas e Belindas, brandas
Brincam nos tempos das Berlindas
As vindas vendo das varandas.
Fernando Pessoa
Esta estrofe de Pessoa é um exemplo soberbo do uso expressivo da aliteração. Na realidade, estamos, não perante uma aliteração, mas face a um complexo onde podemos facilmente identificar aliteração do "l" aliteração do "d" aliteração do "b" aliteração do "v"
Neste caso, a acumulação aliterativa cria um efeito musical tão intenso que nos leva a colocar num plano secundário o conteúdo. No entanto, em condições normais a aliteração põe em evidência as palavras afectadas e, portanto, sublinha o seu valor expressivo. Por vezes, permite mesmo estabelecer associações pouco evidentes entre palavras.
Frequentemente a aliteração aparece associada à assonância (neste exemplo, "i/in" e "a/an").
Aliteração é uma figura de linguagem que consiste em repetir consoantes, vogais ou sílabas num verso ou numa frase, especialmente as sílabas tônicas. A aliteração é largamente utilizada em poesia mas também pode ser empregada em prosa, especialmente em frases curtas.
Há duas formas de aliteração:
• assonância, que utiliza de modo repetido o som de uma vogal;
• consonância, que repete o som de uma consoante.
• Exemplos
Consonância
O rato roeu a roupa do rei da Roma
— popular (aliteração em R)
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas
Vagam nos velhos vórtices velozes
'Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas
— Violões que choram... - Cruz e Sousa (aliteração em V)