aliteraçao
Consiste na repetição de um fonema, não necessariamente de uma letra, uma vez que na língua portuguesa nem sempre há a correspondência entre esses dois elementos. Veja os exemplos: táxi, exame e enxaqueca. A letra é a mesma, mas representa fonemas diferentes, por isso, é importante lembrar que a aliteração busca reproduzir sons.
Há um poema de Cruz e Souza – “Violões que choram” – que em uma de suas estrofes há um famoso exemplo de aliteração. Acompanhe: “Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
“Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”
Perceba que o fonema /v/ foi largamente explorado nessa estrofe, mas com que objetivo? Lembre-se de que todas as vezes que um recurso estilístico é utilizado, há um objetivo. Nesse caso, a repetição do fonema remete ao som do violão. Perceba que essa estrofe exemplifica com propriedade a intenção da aliteração: sugerir sons.
A aliteração deve ser usada como um recurso estilístico, por isso é preciso tomar cuidado para não utilizá-la fora de contexto, pois pode trazer prejuízos ao enunciado. Por isso, evite o uso exagerado das figuras de linguagem, inclusive a aliteração, em textos em que a função poética da linguagem não é predominante.
Para reconhecer a aliteração é preciso prestar atenção aos seguintes detalhes:
1. O que se repete é uma consoante ou uma sílaba?
2. Essa repetição se dá na sílaba tônica?
3. Ela acontece pelo menos duas vezes no verso, na estrofe ou na frase?
4. Agora ficou mais fácil reconhecer a aliteração, não é mesmo? Para finalizar, uma última informação, a consoante ou sílaba que se repete, em geral, está no início ou no meio (interior) da palavra.
Exemplos:
“Minha obra toda badala assim: Brasileiros, chegou a hora de realizar o Brasil.”
Mário de Andrade
“A gente não faz amigos, reconhece-os.”
“Não há nada mais gostoso que um amor correspondido...”
Vinícius Moraes
“Qualquer