Efeito sonoros
Contrariamente a etimologia da palavra: aliteração = seqüência de letras semelhantes; a aliteração realiza-se por meio de sons semelhantes, não de letras. De modo que, a aliteração consiste na repetição de consoantes ou de sílabas em 2 (ou +) palavras, dentro do mesmo verso, estrofe, ou numa frase. Geralmente, a repetição dos sons consonantais é feita no início e no interior de palavras ou então, em sílabas iniciais:
- Eterna é a flor que se flana / se soube florir.
Quando a repetição dos sons consonantais se processa entre as sílabas finais, tem-se, o fenômeno do eco. Porém, a repetição de sons finais não constitui aliteração, é rima:
- “Seguro, assente na coluna firme / Dos versos em que fico / Nem temo o influxo de inúmero futuro...” (Fernando Pessoa)
- “Cada leitão em seu leito / Cada paixão com seu jeito.”
A base da aliteração é sempre um fonema consonantal, mas não se exclui a possibilidade de ocorrer fonema vocálico (vogal). O seu efeito sonoro pode instaurar-se de propósito, e gerar uma musicalidade que valoriza o texto literário, dando-lhe resultados positivos (eufonia), ou por acaso e gerar resultados negativos (cacofonia). Geralmente, os poetas utilizam a aliteração para sugerir ruídos da natureza. Neste caso, a aliteração recebe ou recebia o nome de harmonia imitativa:
- E o céu da Grécia, torvo, carregado, / Rápido o raio rútilo retalha.
(a sucessão de erres procura sugerir o ruído que se segue a um relâmpago)
- Foguetes, bombas, chuvinhas, / chios, chuveiros, chiando, / Chiando, chovendo, chuvas de fogo! / Chá-Bum! (Jorge de Lima)
Segundo Manuel Bandeira, o fragmento de Violões que Choram (Cruz e Souza), é o mais longo ex. de aliteração da Língua Portuguesa:
“Vozes veladas veludosas vozes,
Volúpia dos vilões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”
Nesta estrofe de Fernando Pessoa temos um complexo de aliterações iniciais, interiores