1889
Na manhã seguinte, 18 de dezembro, dom Augusto procurou o comandante para informar que, em vez de renunciar, concordava em pedir licença do serviço militar brasileiro por seis meses. Aliviado, Custódio de Mello telegrafou imediatamente ao novo ministro republicano da Marinha, almirante
Eduardo Wandenkolk, comunicando a decisão. Recebeu uma resposta igualmente dúbia, mas suficiente para selar o destino do jovem príncipe:
— Príncipe peça renúncia cargo, outorgo licença.
Feitas as contas de quanto deveria receber pelo serviço prestado nos meses anteriores, dom Augusto desembarcou do Almirante Barroso no dia 20 de dezembro. Antes foi homenageado pelos demais tripulantes com um último e emocionado jantar nos salões do Hotel Oriental, frequentado pelos estrangeiros que visitavam a capital do Ceilão. Ali, o príncipe distribuiu parte de seus pertences aos colegas de farda. Ao mais pobre, ofereceu um piano, que havia deixado no Palácio Leopoldina, no Rio de Janeiro. A outro, entregou a espada, pedindo, comovido, que a levasse de volta ao Brasil. Por fim, transferiu o restante de sua bagagem para outro naviocomeçou a tomar conta do centro do Rio de Janeiro. Dizia-se que o governo tinha ordenado a prisão de Deodoro e determinado a transferência de várias unidades militares para outras regiões do país, em uma tentativa de conter os focos de rebelião nos quartéis. Falava-se também que o visconde de Ouro Preto planejava dissolver o Exército e substituí-lo pela Guarda Nacional, supostamente mais fiel à
Monarquia.
Os rumores eram plantados de forma proposital na rua do Ouvidor — definida pelo historiador Anfriso Fialho como “coração e ouvidos do Rio de
Janeiro”[20] — por uma das lideranças do golpe em andamento, o major
Frederico Sólon de Sampaio Ribeiro, futuro sogro do escritor Euclides da Cunha.
Seu objetivo era, obviamente, acirrar os ânimos contra o governo. Naquela tarde, antes de sair de casa rumo ao centro da