O papel da defensoria pública na luta pelo campo jurídico

tornar-se-sá melhor. A chance deste consiste, não por último, em que seus adversários o afrontem em nome do progresso como se este fosse uma norma histórica. – O espanto em constatar que os acontecimentos que vivemos “ainda” sejam possíveis no século XX não é nenhum espanto filosófico. Ele não está no início de um acontecimento, a menos que seja o de mostrar que a representação da história donde provém aquele espanto é insustentável. Walter Benjamin, em “Sobre o conceito de história” 2 RESUMO Trataremos de expor o campo jurídico como campo de força, no qual as instituições e os agentes lutam para impor sua percepção do campo e do espaço social como a única legítima. Nesse sentido e no contexto brasileiro, há uma luta pelo controle da administração da justiça estatal, com vistas à obtenção do poder de determinar as estruturas e as relações do campo jurídico. A Defensoria Pública é agente do campo jurídico e como tal busca a aquisição dos meios de produção do saber jurídico e de prestígio para que os outros agentes desse campo reconheçam a legitimidade de atuação da Defensoria Pública. O foco do presente trabalho é tratar, em um plano teórico, do papel constitucionalmente dado à Defensoria Pública, traduzindo-o como o de reconfigurar o campo jurídico, diminuindo consideravelmente suas assimetrias. Nesse ínterim, são feitas ofensivas contra as teorias juspositivistas, por representarem, na opinião de Pierre Bourdieu, uma ideologia do corpo…