Ética e moral
Normalmente, identificamos ética e moral. A primeira vem do grego, ethos, e a segunda do latim, mores, significando os costumes estabelecidos por uma sociedade como normas, regras e valores que determinam o comportamento de seus membros. Todavia, sob outro aspecto, os dois conceitos se referem a realidades diferentes quando consideramos uma outra palavra grega, cuja grafia é diferente da já mencionada, embora para nós, seja lida da mesma maneira: ethos, significando agora, caráter, índole, temperamento, disposição física e psíquica individual.
O ethos é a maneira pela qual um indivíduo realiza sua natureza própria e, nesta acepção, a ética refere-se à educação do caráter dos indivíduos em vista da felicidade, da vida justa e livre que, para os gregos só era possível como vida política. A moral refere-se, portanto, ao comportamento normativo cujas normas foram definidas externamente ao indivíduo, pela sociedade. A ética ao comportamento autônomo do indivíduo como capaz de desejar e alcançar racionalmente o bem, a felicidade. Assim, a moral impõe, do exterior, as regras do comportamento e da ação, além de definir sanções para a prática desviante. A ética supõe um sujeito racional e livre, capaz de, por si mesmo, estabelecer valores e respeitá-los.
Apesar da diferença entre ética e moral, três pontos são comuns a ambas:
a) A causa de seu aparecimento: tanto num como noutro, a prática da ética e o comportamento moral se definem pela disposição do indivíduo (no caso da ética) e da sociedade (no caso da moral) de colocar um término à violência. Fundamentalmente, a violência é a ação pela qual violamos a natureza ou a essência de um outro ser, impondo-lhe pela força física, pela coação psíquica ou por ambas aquilo que lhe é contrário, forçando-o a sentir, pensar, dizer e fazer o oposto daquilo que, por sua própria natureza, sente, pensa, diz ou faz. No caso dos seres humanos, parte-se da idéia de que são seres sensíveis, racionais, dotados de consciência