O TRABALHO E O SOFRIMENTO
Jemima de Oliveira Souza 1
1 Estudante. Acadêmica de Enfermagem da Universidade de Brasília
Introdução Os recentes estudos a respeito da saúde mental dos profissionais de saúde têm identificado como causa a influência das relações destes com o trabalho. Diante disso se faz necessária uma reflexão sobre como os profissionais vêem o trabalho e suas relações e como os mesmos tendem a lidar com o sofrimento produzido pelo trabalho, para isso utilizaremos o aporte da psicopatologia/psicodinâmica do trabalho de Dejours e outros autores. Segundo Karl Marx (1988) o trabalho seria a expressão da vida humana, por meio do qual o homem altera sua relação com o meio, o homem transformando a si mesmo. Já para Dejours (1992), o trabalho é visto não somente como condições de trabalho, mas antes de tudo como relação social. Partindo dos princípios colocados pelos autores podemos inferir que o trabalho não é uma atividade realizada somente para sobrevivência, mas ela é parte da identidade do homem. Pois quando vemos um adulto perguntar a uma criança sobre seu futuro o mesmo não diz qual atividade de trabalho ela deseja realizar no futuro, mas sim o que esta pretende ser, ou seja, o trabalho está intrínseco a existência do homem. Portanto se o trabalho é intrínseco a identidade e/ou personalidade do homem, certamente produzirá neste algum efeito podendo ele ser bom ou ruim, observa-se como efeito negativo o sofrimento, mas que em sua essência não exclui o prazer da relação entre o homem e seu trabalho. Segundo Paul Ricoeur (1992) o sofrer é a experiência humana mais comum e universal, para ele o sofrimento nada mais é do que os efeitos suscitados sobre a reflexividade, a linguagem, a relação a si, a relação ao outro, a relação ao sentido e ao questionamento. Através desse conceito podemos observar que o sofrimento afeta profundamente o trabalho e suas relações, pois altera a relação do homem consigo mesmo e para com os outros, vendo o mundo