O Teatro brasileiro e 1968
Desde 1º de abril de 1964, a classe teatral – como de resto o País – continuava atônita. Que rumos tomar, para onde ir? Temos que reconhecer: se entre a gente de Teatro encontravam-se, no passado, grandes cortejadores do Poder, nesse momento histórico podemos afirmar que era entre eles que estavam algumas das mais combativas figuras de resistência à Ditadura Militar.
E a própria classe, como conjunto, estava mesmo era na linha de frente. E todos os setores sociais, bem ou mal, tomavam suas posições. Algumas até de apoio aos golpistas...
Mas, havia gente ousada, corajosa entre os brasileiros daqueles tempos. Nós todos – a maioria sem perceber, até – vínhamos de lutas e lutas em busca de nossa identidade nacional ( e não!, toda a renovação do teatro brasileiro e sua incrível capacidade de comunicação com a plateia; o Cinema Novo; a Bossa
Nova; a eleição de Juscelino Kubitschek, prometendo avanço e modernidade; o sucesso do MASP e do MAM; tudo isso que aconteceu do final da década de
1940, atravessou a de 1950 e deu de cara com a ditadura militar no meio dos anos 1960; repito, tudo isso não era coincidência). Como disse Roberto
Schwartz, nunca, antes dessa época, o brasileiro tinha gostado tanto de ser brasileiro. Se o Golpe de 64 reduziu essa marcha, não a deteve.
Falando de teatro, especificamente, a resposta veio, por exemplo, com Arena
Conta Zumbi e Arena Conta Tiradentes, do Teatro de Arena, ambos urrando nossas lutas pela Liberdade. O Oficina ataca, num primeiro momento, com Andorra, libelo contra a injustiça; depois, recuperado de um incêndio em sua sede, toca fogo nos palcos com a histórica (porque reveladora) encenação de O rei da vela. Seu diretor, Zé Celso Martinez Corrêa, para arrematar a resposta a todas as provocações com o que chamou de “estética da porrada”, encena com outro grupo Roda Viva. O Teatro Popular de Arte, de Maria Della
Costa e Sandro Polloni levantam a bandeira de