O ser humano: pessoa humana

PUC MINAS POÇOS DE CALDAS – CULTURA RELIGIOSA II
Prof. Davidson Sepini

1. O ser humano: pessoa humana. 1.1 O ser humano é digno de ser admirado.

As tragédias gregas, especificamente as narradas por Sófocles, apontam para um detalhe intrigante: o ciúme dos deuses em relação aos mortais. Mas o que faz despertar nos seres divinos sentimento tão leviano em relação aos humanos, “pobres mortais”?
Em “Antígona”, Sófocles insere entre os diálogos, um canto que pode esclarecer um pouco esta questão.
Das incontáveis maravilhas da natureza, de todas a maior é o homem! Singrando os mares profundos, impelido pelos ventos do sul, desafia as vagas imensas que rugem ao redor! Gê, a deusa suprema, que a todos suporta em sua eternidade, ele a rasga com suas charruas que, todos os anos, revolvem e fertilizam o solo, movidas pela força das alimárias! Ele captura e domina os pássaros ligeiros; criativo, o homem enleia nas malhas de suas redes os animais selvagens e os habitantes do mar. Doma a fera agressiva acostumada à luta, põe a sela no cavalo bravo e mete a canga no pescoço do furioso touro da montanha. E o homem desenvolveu a língua, a capacidade de pensar e os costumes moralizados. Também aprendeu a se proteger das intempéries e dos rigores da natureza! Fecundo em seus recursos, ele foi realizar o ideal almejado! Só da morte ele jamais terá meio de escapar, embora muitas doenças, outrora fatais, já têm hoje remédio eficaz para a cura. Com inteligência e habilidade ele pode se inclinar, ora para o bem, ora para o mal.1

Numa visão contemporânea, no filme “Cidade dos anjos”, o personagem Seth abre mão de sua imortalidade para viver um grande amor humano e, mesmo ao perceber que tudo havia se resumido em apenas uma noite, não manifesta arrependimento pela sua opção.
O ser humano é admirável pela sua capacidade de não precisar da eternidade para realizar grandes feitos. Ao mesmo tempo, é capaz de atitudes abomináveis em função de sua liberdade. Busca o tempo todo