O Paradigma Mecanicista
A atual visão de mundo da ciência teve seu surgimento galgado na "revolução científica" do século XVI, tendo se desenvolvido a partir da evolução das chamadas "ciências naturais". "Está consubstanciada, com crescente definição, na teoria heliocêntrica do movimento dos planetas de Copérnico, nas leis de Kepler sobre as órbitas dos planetas, nas leis de Galileu sobre a queda dos corpos, na grande síntese da ordem cósmica de Newton e finalmente na consciência filosófica que lhe conferem Bacon e sobretudo Descartes." (SANTOS; Boaventura de Sousa; 1995, p.11)
Sua abordagem, chamada de "mecanicista" , parte do princípio de que o verdadeiro conhecimento só pode ser obtido através de uma observação rígida, sistemática e imparcial dos fatos e da Natureza. Tal visão possibilitou um grande avanço nos campos da técnologia, no conhecimento a respeito do mundo e do Universo, e trouxe incontáveis melhorias à qualidade de vida humana, todavia, o atual estágio de progresso científico mostra cada dia mais que uma visão extremamente técnica está longe de auxiliar no descobrimento da verdade. Isso se deve ao fato de que "o rigor científico afere-se pelo rigor das medições. As qualidades intrísecas do objeto são, por assim dizer, desqualificadas e em seu lugar passam a imperar as quantidades em que eventualmente se podem traduzir. O que não é quantificável é cientificamente irrelevante." (SANTOS; Boaventura de Sousa; 1995, p.15)
Podemos estabelecer uma comparação, relacionando o trecho acima com o filme "Ponto de Mutação" (1983), de Fritjof Capra. No filme, uma das personagens, cientista norte-americana especializada em Física, explica a seus novos amigos os impactos da visão extremamente técnica da ciência no mundo, a citar: Poluição, desmatamento, uso incorreto da tecnologia desenvolvida - especialmente para fins militares -, e uma espécie de "filosofia geral da humanidade" que torna a natureza meramente uma escrava a serviço do homem, visão essa que,