O PARADIGMA EDUCACIONAL EMERGENTE
Maria Candida Moraes*
Depois de mais de vinte anos participando de processos de planejamento e coordenação de políticas públicas na área das tecnologias educacionais, envolvendo ações relacionadas desde os primórdios da instrução programada até a informática educativa que se encontra na pauta do nosso dia-a-dia, passando pelo uso da televisão e rádio educativos, percebemos que a maioria dos problemas atualmente existentes na área educacional persistem há várias décadas.
Novos programas e projetos foram criados e recriados, e os velhos problemas continuavam em constantes "listas de espera". Soluções fragmentadas, dissociadas da realidade e desintegradas, presentes na maioria dos programas e projetos de governo, mudavam detalhes do exterior sem, contudo, provocar mudança interna e revolucionária nas condições de aprendizagem dos alunos, no sentido de gerar uma força renovadora que colocasse em prática novas idéias, novos ideais e novas práticas de ensino. As ações implementadas não provocavam mudanças importantes no processo de ensino-aprendizagem, não levavam cm consideração como é que a criança aprende, como constrói o conhecimento. E desta forma, os projetos desenvolvidos colaboravam para o prevalecimento das atuais taxas de analfabetismo, evasão, repetência, baixa qualidade do ensino e tantas outras mazelas da educação brasileira.
*Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Coordenadora-geral do Programa Nacional de Informática Educativa (Proinfo), da
Secretaria de Educação a Distância (Seed) do MEC.
Em Aberto, Brasília, ano 16. n.70, abr./jun. 1996
De modo geral, esses projetos, apesar de adotarem a abordagem de sistemas como um dos pilares de sua fundamentação teórica, na prática muito pouco a utilizavam como metodologia que disciplina o pensamento, o bom-senso e a intuição na análise formal do problema. Na maioria das