O negro no livro didatico
Nesses livros, os personagens têm status de classe média e são apresentados em atividades de lazer, interagindo com crianças de outras etnias, com nome próprio, sem aspecto caricatural, frequentando a escola, ou já adultos em profissões diversificadas.
“Os personagens têm roupas, fardas, se abraçam, não são citados como filhos da empregada”, contou a educadora. Nos outros 10 livros, apesar de algumas mudanças, os negros estão estereotipados, há pouca interação e não vão muito à escola.
A convivência com afrodescendentes, o conhecimento sobre a cultura africana e a aprovação de leis como a 10.639 foram apontados como fatores determinantes para a mudança, segundo os ilustradores entrevistados. “Mas as críticas sobre o livro didático, a mídia, a família e as ações do movimento negro tiveram papel importante”, contou a professora.
PRESENÇA – Apesar da mudança na maneira em que são apresentados, os negros continuam sendo menos frequentes nas páginas dos livros. “É senso comum de que ainda somos minoria. Foram 1.360 ilustrações de brancos contra 151 de negros. Percebo que não é intencional por parte dos ilustradores. É um desafio a ser vencido”, afirmou a pesquisadora.
Para a autora, a transformação mais significativa foi a desconstrução do estigma da incompetência. Em uma ilustração do livro Porta de Papel, a professora elogia o aluno Fábio depois de um trabalho. “Tirar a questão de incapacidade do negro é muito importante”, disse Ana Célia.
OBRA – A análise completa pode ser conferida na obra “A representação social do negro no livro didático: o que mudou? Por que