O lugar da prisão na nova administração da pobreza
A muito mais atrás das prisões do que a expressão já difundida do “crime e castigo”, não se trata de apenas uma imposição da lei ou uma forma de punição social através da restrição de liberdade do indivíduo. A prisão está intimamente ligada a forma que a sociedade se desenvolve e é o reflexo dos padrões sociais, das oportunidades e da forma que o governo “seleciona” o que punir. Nos Estados Unidos existe um programa chamado welfare que beneficia pessoas muito carentes com um subsidio do governo, de 1975 a 2000 o número de pessoas beneficiadas por este programa caiu vertiginosamente enquanto que a população carcerária aumentou em proporção similar. Esse quadro evidencia uma nova reformulação social dentro do país, uma nova seleção de pessoas presas. Nesse âmbito carcerário encontram-se presos de classes divergentes, das classes trabalhadoras insignificantes que possuem baixo impacto econômico, de pessoas muito pobres do programa welfare e de negros vistos como uma classe da sociedade perigosa e duvidosa, infamemente ligada a crimes, violência, tráfico e sob tudo a pobreza.
A partir destes dados podemos dizer que a introdução da chamada política de criminalização da pobreza, que é o complemento da imposição de ofertas de trabalho precárias e mal remuneradas e fora dos presídios. Colocando as classes menos favorecidas em uma situação delicada e de poucas perspectivas.
O aumento drástico do sistema carcerário americano teve por impacto um grande investimento nesse sistema, de mais de vinte vezes o valor aplicado criando uma das maiores áreas de contratação do estados unidos, a terceira maior do país. O estado soube utilizar bem desse sistema para preencher lacunas