O lugar da prisão na nova administração da pobreza - resenha
O lugar da prisão na nova administração da pobreza
O autor: Loic Wacquant
Professor de sociologia e pesquisador. Publicou recentemente no Brasil os livros O
Mistério do ministério: Pierre Bourdieu e a política democrática (Revan, 2005) e Onda punitiva: o novo governo da insegurança social (Revan, 2007).
Fichamento: WACQUANT, Loïc. O lugar da prisão na nova administração da pobreza.
Novos estudos. – CEBRAP, n.80 pp. 9-19, 2008.
O autor inicia seus estudos analisando a sociedade norte-americana a partir do ano de 1970, afirmando que aprender a mudança das funções do estado penal na era pós-fordista e póskeynesiana exige uma dupla ruptura. Ele diz que em primeiro lugar deve-se romper o paradigma do “crime e castigo”, presente e materializado pela criminologia e pelo direito penal, que tem aumentado cada vez mais as punições aplicadas pelas autoridades, o que fez aumentar em cinco vezes as punições aplicadas pela sociedade norte-americana no período de hoje até 25 anos atrás, fato que intensificou o racismo e a corrida desenfreada em busca de lucro através da construção de penitenciárias e da superexploração do trabalho de detentos. Em segundo plano a chamada guerra declarada por autoridades federais e locais nunca foi empreendida contra o “crime” em geral, uma vez que três pontos devem ser abordados nesta questão: 1) Guerras são empreendidas por militares contra militares; 2) A verdadeira luta contra o crime nunca foi de fato empreendida pelas autoridades; e 3) A luta
“contra o crime” serviu somente para uma reformulação do perímetro e das funções do
Estado, causando o enxugamento do seu componente welfare e o inchaço dos setores policiais, jurídicos e correcionais.
Entre 1975 e 2000, a população carcerária dos Estados Unidos cresceu de maneira absurda, enquanto os beneficiários do sistema welfare caiu vertiginosamente, ocasionando o aumento dos investimentos na ordem de 50 bilhões, acrescentando 500 mil novos empregados, tornando-se