o herege
“Levanto-me agora para trabalhar; Peço a Deus que não me falte ao meu dever. Se morrer antes da noite, Peço a Deus que tenha cumprido o meu dever. Amém”
- Se não se levantar já, Johnny, não terá nem uma migalha para comer!
A ameaça não produziu qualquer efeito no rapaz. Aferrava-se ao sono, lutando pelo esquecimento, como o sonhador luta pelo seu sonho.
-Não é capaz de se lavar um dia sem que eu mande- queixou-se a mãe.
Ele não fez qualquer comentário, pois aquilo era uma questão permanente entre eles, sobre a qual a mãe se mostrava inflexível. Não havia um dia, que não fosse preciso obriga-lo a lavar-se.
- Bem que gostaria e não morar tão longe – disse ela ao sentar-se. – faço o que posso. Você bem sabe. Mais um dólar de renda faz tanta diferença, e aqui temos mais espaço. Você bem sabe. Ela estava sempre a reprisar quanto era duro viverem assim longe das fábricas.
Os ponteiros já marcavam cinco e meia. Jogou um xale nos ombros, pôs na cabeça um chapéu desbotado, velho e sem forma.
- Temos que correr- disse ela, baixando a mecha do candeeiro e soprando pela chaminé. Após quinze minutos em silêncio, a mãe virou para a direita.
- Não venha tarde- recomendou.
Johnny não respondeu e prosseguiu no seu caminho. No quarteirão da fábrica, abriam- se as portas, e ao entrar pelo portão, tomou o seu lugar numa das compridas máquinas. Diante dele, havia bobinas grandes que giravam rapidamente, torcia