O fetiche da mudança

Rio de Janeiro 02 de junho de 2014.
O Fetiche da Mudança – (Resumo)
Relatos da vida cotidiana nos dão a sensação de que vivemos em um período de intensa mudança. Andando pelas ruas, notamos casas dando lugar a prédios, padarias transformando-se em farmácias e etc. Não é diferente no trabalho em que a terceirização, reestruturação e fusões parecem nutrir um estado de permanente caos.
Isso afeta a forma como vivemos. Relacionamentos amorosos sem estabilidade que chegam ao fim, surgimento de novos produtos cada vez mais modernos ao mercado, aumentos de juros e flutuação do cambio, etc. Vivemos muitas vezes essas mudanças na pele e quando não a vivemos, não experimentamos pessoalmente, acabamos sabendo delas. O resultado é que temos a sensação de que nada está parado no ar, no tempo, e que tudo a qualquer momento pode mudar e assim temos a sensação de que a cada dia temos novas mudanças.
Tudo que é sólido some, desaparece no ar. Porém será que só na nossa época ocorrem mudanças? Talvez sim, se levamos em consideração as percepções e sensações, ou não se levarmos em conta os dados e fatos. Há mais de um século Karl Marx já testemunhava transformações profundas nas estruturas sociais, capazes de fazer as coisas julgadas como sólidas desaparecerem como uma gota no oceano.
Ocorreram vários momentos de turbulência. Muitos períodos de grande instabilidade. A Revolução Francesa, a Revolução Industrial, foram de grande influência. E os grandes acontecimentos continuam a influenciar a forma como nos desenvolvemos. Segundo Christopher Grey, da Universidade de Cambridge, em artigo publicado recentemente na revista Tamara, os excessos da retórica da mudança estão fazendo reféns de uma síndrome muito particular: o fetiche da mudança.
O fetiche da mudança possui três elementos principais: primeiro parte de uma caracterização dos atuais índices de mudança, segundo a mudança é atribuída a fatores como globalização e tecnologia e, em terceiro lugar, assume-se o pressuposto de