o ethos docente
Para entender o processo formativo dos professores no contexto atual, é necessário analisar o percurso histórico a que esteve sujeita a estrutura educacional no Brasil desde o período colonial. O sentimento de perda de prestígio e de condições materiais que garantam a sobrevivência mínima transparece nos discursos de docentes cujo processo formativo se revela incapaz de habilitar o profissional na conjuntura dinâmica do mundo capitalista, mais especificamente no sistema econômico neoliberal.
Se na Grécia antiga o professor era tido como peça necessária para a disseminação do conhecimento baseado na razão, na Idade Média era a igreja que determinava as áreas do saber mais convenientes à obediência, aos dogmas estabelecidos. Assim, o professor passava a desempenhar o papel de doutrinador e isentava-se da necessidade de construir um pensamento científico. Durante o período Colonial afloram as preocupações quanto à necessidade de se normatizarem as escolas de modo a proporcionar um estudo formal à população, mas o professor, embora reconhecido como esteio do ensino e responsável pelo sucesso da educação no país, não atinge o prestígio social de outros profissionais com capacitação específica técnica, como médicos, advogados ou engenheiros. Por não necessitarem de formação, eram vistos como práticos.
Entre os séculos XVIII e XIX, não se observou qualquer tipo de alteração a esse quadro e chega-se às primeiras décadas do século XIX com uma estrutura educacional bastante rudimentar: inexistência de edifícios próprios, material básico incipiente, ausência de planejamento ou método de ensino, desvinculação do Estado quanto às despesas com materiais e aluguel de espaços que eram suportadas pelo próprio professor.
O Estado interfere no processo estrutural, executa uma reforma substancial na área educativa e estabelece exigência