Dimensoes e competencia.
A educação será tão mais plena quanto mais esteja sendo um ato de conhecimento, um ato político, um compromisso ético e uma experiência estética.
Paulo Freire
Fazendo a articulação entre os conceitos de competência e de qualidade, chegamos a uma definição de competência que a apresenta como uma totalidade que abriga em seu interior uma pluralidade de propriedades, um conjunto de qualidades de caráter positivo, fundadas no bem comum, na realização dos direitos do coletivo de uma sociedade.
Como isso se manifesta na docência?
Em toda ação docente, encontra-se uma dimensão técnica, uma dimensão política, uma dimensão estética e uma dimensão moral. Afirma isto, entretanto, não significa dizer que ela é de boa ou de má qualidade. É necessário, então, indagar: de que caráter deve se revestir cada uma das dimensões da ação docente para que a qualifiquemos de competentes, isto é, de boa qualidade?
O objetivo desse capítulo é explorar cada uma das dimensões, mostrando a estreita relação entre elas. Técnica, política, ética, estética não são apenas referências de caráter conceitual – podemos descobri-las em nossa vivência concreta real, em nossa prática. É dessa prática que se deverá partir, fazendo um esforço de ver na totalidade, e é a ela que se retomará para, ao ampliar a compreensão dos conceitos, torná-la mais consistente e significativa.
A dimensão técnica
O termo “técnica” é usado para indicar o “conjunto dos processos de uma arte” ou a “maneira ou habilidade especial de executar ou fazer algo” (Cunha,
1982:759). Com esse significado, fala-se em ensino técnico, faz-se referência ao avanço tecnológico do mundo contemporâneo etc.
Na Grécia antiga, onde surge, o termo tchne era usado para “descrever qualquer habilidade no fazer e, mais especificamente, uma competência profissional oposta à capacidade instintiva ou ao mero acaso”. Indicava, também, um ofício, uma arte (Peters, 1974:224).
A técnica reporta, assim,