O amante da rainha
O diretor Nicolaj Arcel monta uma estrutura em flash back para o seu relato. Assim, sabemos, desde a primeira cena, que existe uma rainha caída em desgraça, pois esta escreve uma desolada carta de exílio aos filhos. A história será a dessa rainha, Carolina Matilde (Alicia Vikander), casada com o rei Christian VII (Mikkel Boe Folsgaard), da Dinamarca, no século 18, quando os regimes absolutistas começam a ser contestados pelos ventos iluministas que sopram da França.
E então entramos na dimensão propriamente política da história, que se mescla ao drama amoroso. O rei exibe um comportamento um tanto esquisito e, para tratá-lo, chamam um médico alemão, Johann Friedrich Struensee (Madds Mikkelsen) que, além de remédios, traz ideias progressistas e um charme que não passa despercebido pela rainha Carolina. Estão criadas, portanto, as condições para que venha à tona esse algo podre que havia no reino da Dinamarca. Um rei insano, facilmente manipulável por cortesãos influentes. Uma rainha jovem e carente e um estrangeiro com ambições de poder e muita convicção sobre onde deseja chegar.
O quadro no interior do qual esse drama se desenrola é montado de maneira precisa. Direção de arte, figurinos, enfim, uma reconstituição de época impecável – tudo isso que pode ajudar o espectador a mergulhar num universo e tempo que não são os seus. Ou tudo pode ser apenas exibicionismo vazio, destinado à coleta de prêmios. Fiquemos com a primeira impressão. O luxo empregado para contar a história é justificado para que dela nos sintamos participantes, embora tanto formalismo por vezes engesse a narrativa. Um tantinho acadêmico,