A Teoria das Ideias em Eutifron
1780 palavras
8 páginas
Este diálogo de Platão antecede ao julgamento de Sócrates e remonta ao encontro do mesmo com Êutifron, personagem conhecida por ser um “adivinho” e exímio conhecedor no que toca a matérias divinas. Os dois encontram-se, justamente, diante do Pórtico Rei, edifício encarregue de tratar de processos de carácter religioso, no qual tinham ambos, Sócrates e Êutifron, processos em curso. Um enquanto acusado e outro enquanto acusador. Sócrates enfrentava uma queixa que um tal de Meleto tinha movido contra si. Era acusado de “corromper os jovens” (Euthphr., 32c-d1) sob a alegação de ser um “fazedor de deuses” que por inventar novos não acreditava nos antigos (Euthphr., 32b2). Já Êutifron movia uma queixa contra o próprio pai acusando-o do homicídio de um dos seus trabalhadores, que por sua vez era também um homicida, tendo cometido o mesmo crime contra um escravo. Sócrates mostra-se bastante admirado com esta acusação, não compreendendo o porquê de um filho acusar o pai de crime em favor de um “estranho” (Euthphr., 34b4.). Já Êutifron mostra-se surpreendido quando lhe dizem que “é ímpio um filho acusar o pai de crime, mal sabendo o que para os deuses vale, relativamente ao que é piedoso e ao que é ímpio” (Euthphr., 35d-e4). Face a esta afirmação e à certeza de Êutifron de que ao entregar o pai à justiça não está a cometer, inversamente, um acto ímpio, Sócrates sente-se impelido, como era de esperar, a questionar o “profeta” acerca da natureza dos conceitos piedoso e ímpio. Platão apresenta-nos neste diálogo um Sócrates, extraordinariamente irónico, que vai ainda mais longe nas suas pretensões: pretende tornar-se discípulo de Êutifron, para que este lhe ensine o que está por detrás destes dois conceitos de modo a que, de seguida, possa confrontar Meleto tentando mostrar-lhe que não age impiedosamente pelo contrário, “conduz-se com rectidão” não fazendo a acusação qualquer sentido (Euthphr., 35 5-b). Iniciada a dissertação dos termos piedoso e