Filosofia grega
Ecos Gregos na Filosofia Analítica
Prof. Dr. Jézio H. B. Gutierre (Unesp)
É trivialmente desnecessário reconhecer a importância da Grécia para a formação da Civilização Ocidental. Temos aqui um dos poucos truísmos históricos praticamente incontestáveis e resistente mesmo àqueles que pretendem hipertrofiar o papel de antecessores dos gregos e de outras fontes culturais relevantes.
O âmbito dessa influência ubíqua é tão impressionante quanto conhecido: todos nós temos ciência das reiteradas ondas helenizadoras que varreram o Ocidente, de Roma à Inglaterra vitoriana. E estes impactos, digamos, “epidêmicos”, embora definidores de épocas e balizadores de Escolas, algumas delas ainda hoje vivas e florescentes, talvez sejam menos relevantes que a constante presença “endêmica” de uma influência que se espraia das artes, à religião e à ciência. No entanto, sobressaindo-se nesse espectro, um dos paradigmáticos indicadores da herança grega direta é encontrado na Filosofia. É bem conhecida a afirmação de Alfred North Whitehead para quem a Filosofia Ocidental não é mais do que um conjunto de notas de pé de página à Filosofia de Platão. Mesmo para os que consideram esta uma afirmação demasiado restritiva, permanece sendo perfeitamente aceitável atribuir aos gregos, Pré-socráticos, Platão, Aristóteles e a Filosofia Helenista posterior, o mérito (e responsabilidade) pela definição do que chamamos Filosofia ou estudos filosóficos.
Justamente pela admissão da presença grega desde a gênese do que consideramos Filosofia, assumiremos de saída que o relevo dessa herança transcende facções filosóficas. No entanto, minha comunicação terá o objetivo de verificar a persistência e algumas formas de absorção deste legado no interior de uma cepa filosófica particular, a Filosofia Analítica.
Este objetivo impõe alguns alertas prévios. Sem dúvida, como já admitimos, muito da agenda de investigação imposta