A sociedade de massas segundo Hannah Arendt
Numa primeira observação do pensamento filosófico de Arendt, confirmam-se algumas das principais preocupações da filósofa no que se refere, sobretudo, à automatização da vida moderna, isto é, à massificação, fenômeno que consiste na insuficiência do homem moderno em desempenhar a atividade política enquanto atividade por excelência. Isso acontece devido ao declínio da esfera pública – queda causada por fatores históricos que tentam uma atitude simplesmente subjetiva do homem frente ao mundo, que causa a ascensão do homem-massa, levando ao que Arendt chama de “a alienação do mundo” ou o deslocamento geral, ou ainda, a trajetória, na história moderna, da sociedade de classes para a sociedade de massas.
Podemos dizer que ao longo da história da humanidade, sempre existiu, em cada sociedade organizada, um número abundante de pessoas apáticas, sem interesse comum referente à coisa pública. Mas é preciso destacar que nunca houve uma transformação da raça humana em massa tal como houve na modernidade.
Segundo Hannah Arendt, esse fenômeno provocou um tipo de ser degenerado que vaga pelas ruas das grandes cidades como sonâmbulo, que já não pode mais ser tratado como humano. Dessa maneira, pode-se dizer que o surgimento da sociedade de massa deve ser entendido como um dos principais momentos de uma história que obteria seu auge quando o homem fosse reduzido a uma única identidade de reações previsíveis, formado pelas ideologias totalitárias.
Esse conjunto de referências sociais, que nos dá uma visão da sociedade da Era Moderna, foi erguido gradativamente, por processos históricos, que terminaram no avanço das massas modernas, uma vez que as massas são reconhecidas pelo grande número de seres dispensáveis descartáveis. Para entendermos o que vem a ser o fenômeno conhecido como sociedade de massa precisamos identificar seu princípio básico que, segundo Hannah Arendt, se constitui como sendo o término da sociedade de classes.