O PÚBLICO E O PRIVADO EM HANNAH ARENDT
Resumo
Este artigo tem o objetivo de expor as pesquisas desenvolvidas por Hannah Arendt acerca das esferas pública e privada. No seu livro A Condição Humana, Arendt tematiza três conceitos que constituem a gênese da sua antropologia filosófica: o trabalho, a produção e a ação. Quanto ao trabalho, ele efetiva-se na atividade do animal laborans, necessário à sobrevivência biológica. A produção é o estádio do homo faber que produz objetos duráveis (técnicas), partilhando o que sabe de fabricação com outros homens. A ação é a característica matricial da vida humana em sociedade. Arendt enquadra no domínio da esfera privada o trabalho (labor) e a produção (work), enquanto a ação está exclusivamente no plano da esfera pública (política). O reino da necessidade é o privado. O reino da liberdade é o público. A ação (política) nunca é equivalente a um trabalho necessário à sobrevivência biológica ou à produção técnica.
Palavras-chave: Privado. Público. Política.
Introdução
Hannah Arendt centra seus estudos no fenômeno da ruptura totalitária na obra As Origens do Totalitarismo – formulada em 1945 e 1949 e publicada em 1951. A autora debruça-se nas concretas experiências históricas do nazismo e do stalinismo, não deixando, porém, de citar indagações de cunho teórico. Em 1951, essas perplexidades fizeram com que Arendt dedicasse mais sete anos para outra grande ora intelectual que foi levada a público. É no livro A condição humana, publicado em 1958, que a pensadora alemã dá seguimento à sua linha de raciocínio, emprestando assim, tratamento reflexivo ao crescente problema da situação em que o homem se encontrava nas modernas