A Revolta da Cachaça.
Em 1660, mesmo ano em que a Câmara dos Vereadores do Rio foi proibida de liberar o comércio da aguardente, os alambiqueiros fluminenses lideraram uma rebelião. Tomaram o poder e governaram a cidade por cinco meses. O movimento, conhecido como Revolta da Cachaça, foi derrotado, mas os produtores da bebida deixaram claro que mereciam ser respeitados. Conseguiram o perdão da coroa portuguesa e abriram caminho para a legalização da cachaça.
A história da mais brasileira das bebidas começou cerca de um século antes do levante. Em 1532, o colonizador Martim Afonso de Souza trouxe mudas de cana-de-açúcar para a vila de São Vicente (hoje uma cidade no litoral de São Paulo). A cachaça surgiu poucos anos depois, quando alguém decidiu destilar resíduos do caldo de cana. Os engenhos de açúcar se espalharam pelas capitanias de Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro. E a cachaça seguiu o mesmo caminho.
Se a bebida fez a alegria de colonos e nativos, a coroa portuguesa não achou graça na novidade. Portugal produzia sua própria aguardente, a bagaceira, a partir do bagaço de uva. Se o Brasil lançasse no mercado um produto semelhante, isso significaria mais concorrência e menos lucro para os produtores de Portugal. Assim, em 1635 surgiu a primeira lei proibindo o consumo da cachaça. Mas, como o poder de fiscalização das autoridades coloniais era pequeno, a bebida continuou sendo produzida e vendida.
Em 1647, cria-se a Carta Régia que impedia a comercialização destes produtos fora do domínio português. Mas não adiantou muito: a aguardente brasileira fazia tanto sucesso que, no mesmo ano, começou a ser