Revolta da cachaça e ordens religiosas
Dados os acontecimentos passados entre o final de 1660 e começo do ano seguinte, no Rio de Janeiro, motivado pelo aumento de impostos excessivamente cobrados aos fabricantes de aguardente, analisamos aqui a participação das ordens religiosas na denominada Revolta da Cachaça. Embora em menor escala, vemos que mediante as atitudes do governador quanto ao comércio de açúcar e aguardente (muitas vezes agindo de forma autoritária e possivelmente desonesta) , as ordens religiosas residentes na cidade viram-se obrigadas a manifestar-se contra as taxações sobre o comércio, uma vez que pretendiam assegurar suas propriedades e as redes comerciais existentes na cidade.
Governava o Rio de Janeiro, Salvador Correia de Sá e Benavides, no início de 1660. Visando o melhor aparelhamento das tropas coloniais, instituiu uma taxa sobre as posses dos habitantes. Como a economia açucareira estava em crise, os vereadores propuseram, em compensação, que a liberação do comércio da cachaça, que foi aceita por decreto a 31 de janeiro de 1660. A medida contrariou os interesses da Companhia Geral do Comércio, que forçou sua revogação; apesar disso, persistiu o governador na cobrança das taxas e, tendo de viajar a São Paulo, deixou um tio encarregado de aplicar a cobrança, inclusive com uso da força. É então que tudo se torna favorável a revolta que se delineava a algum tempo. Neste momento, os diversos segmentos sociais do Rio tinham uma relação de interdependência e gerência sobre os negócios da cidade. O Clero, representado pelo prelado eclesiástico e as ordens religiosas (Beneditinos, Carmelitas e Jesuítas) também foi de parecer desfavorável a implantação do imposto, pois aparentemente entrelaçavam-se a esta rede de negócios. Tais ordens possuíam terras e áreas plantadas e estavam envolvidos na dinâmica econômica da cidade.
Os Beneditinos, na pessoa do Frei Ignácio de S.