A Representação da Mulher No Cinema Clássico
Munida das recém-nascidas teorias dos Women Studies, a segunda onda do feminismo vai crescer em todas as direções. A libertação sexual, a carreira, a família, os direitos, enfim: nesta segunda fase, o feminismo experimenta observar a sociedade sob sua própria ótica ao invés da dominante. É quando se admite o gênero como construído socialmente e não inato, e a partir daí questionamentos sobre papéis de gênero. A crítica feminista no cinema vai promover uma discussão acerca do papel feminino na narrativa: no trabalho Visual Pleasures and narrative cinema, a teórica britânica Laura Mulvey, põe em discussão um mecanismo narrativo que entitulado “male gaze”, que consiste em um olhar masculino para o universo feminino, em que o homem é um observador (e portanto ativo) e a mulher é um objeto a ser observado( portanto passivo). Essa observação da mulher como fetiche chamada escopofílica, de natureza semelhante à do voyeurismo, é um exercício de dominação feminina por si só; no cinema clássico, a mulher é a portadora de significados e nunca produtora, e sua função é meramente proporcionar deleite, prazer visual.
Essa questão levantada por Mulvey é muito profunda para entender a hiperssexualização feminina que o cinema impõe. A iconografia clássica é clara nos padrões padrão de beleza que segue. A beleza é atributo indispensável e decisivo para sua qualidade enquanto mulher; é como se fosse mais mulher a que fosse mais bonita.
Na estrutura clássica os personagens femininos existiam de forma binária. Ei-los:
A mocinha, uma jovem pura, inocente, que correrá perigo e/ou carregará sofrimento. É com ela que o herói deve ter o seu feliz para sempre, apenas ela. A vamp nutrirá ódio por ela, e o herói pode se ver em um dilema entre ficar com ela