O Melodrama em Filmes de Catástrofe: a resolução dos conflitos familiares e a salvação do mundo1 Dayane Assis de Freitas2 Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES Resumo O presente artigo propõe-se a investigar como o cinema hollywoodiano de catástrofe trabalha as características do melodrama clássico, entre elas, e principalmente, a resolução dos conflitos familiares. O objetivo é relacionar as situações de fim de mundo com os dramas familiares, ou seja, a dissolução dos conflitos entre pais e filhos enquanto o mundo é salvo da catástrofe. Pretendemos também contribuir para afastar a imagem do melodrama como gênero menor e entender que sua forma simplificadora de compreender o mundo tem o objetivo de organizar o caos em que vivemos. PALAVRAS-CHAVE: cinema; melodrama; filmes catástrofe; Hollywood. Os filmes catástrofe são, desde sua origem na década de 70, sucesso de público e alvo da crítica contra Hollywood que denuncia a superficialidade, os enredos repetitivos, o uso de efeitos especiais em demasia. No entanto, é interessante analisar como a estrutura narrativa é trabalhada a partir das premissas do melodrama, gênero nascido no teatro e absorvido pelo cinema, que desde que se preocupou em delimitar uma narrativa, a partir de Griffith, também passou a se utilizar do melodrama. Inclusive é aí que o gênero ganha novo fôlego com as histórias de espionagem, capa e espada e, sobretudo, com o western, conforme Thomasseau (2005: 136). Obviamente, nesses filmes o privilégio é dos efeitos especiais que visam ao espetáculo em lugar da reflexão, porém como se dá o controle dos sentimentos do espectador, a manipulação discursiva dos elementos, como os enquadramentos, a fotografia e os objetos de cena, visando a um pretenso realismo, também demonstra traços de autoralidade. Com sua escrita clássica, em que as escolhas linguísticas são “neutras” e “homogêneas”, e cuja montagem é construída a partir de uma estrutura sintática que não permite erros de orientação do